30/07/2011

Lembranças

Andei pensando muito em você esses dias. Lembrando de como era lindo o seu olhar cheio de vida e esperança quando falava do futuro e, principalmente, quando ditava o meu com detalhes especiais. Éramos tão crianças...
Lembro das tardes espetaculares que passei ao seu lado e do tempo que perdíamos falando do mundo quando podíamos estar nos conhecendo melhor. Se ao menos eu soubesse que não teria mais oportunidades de estar com você... Mas a vida nos prega peças terríveis e a sua partida foi a pior que já presenciei em toda a minha vida.
Lembro das nossas bobices, brincadeiras e implicâncias de amigos. Os desenhos com canetinha que fazia em mim, as gargalhadas, as balas que você roubava na minha mochila, chicletes mascados, biscoitos repartidos, conversas secretas, músicas, piadas e palhaçadas.
Queria poder dividir contigo a dor da incerteza que carrego dentro de mim. Será que daríamos certo? Será que você aprovaria meus namorados, flertes, paixões ou até mesmo novas amizades? Ou será que brigaríamos e prometeríamos nunca mais olhar um na cara do outro... Por um segundo, um dia, um mês, uma vida. Tanto faz. Acontece é que, além disso, dói muito mais a certeza de que eu poderia ter o conhecido muito mais, te amado muito mais. E não fiz porque fui fraca, temerosa e não tive coragem de trocar tudo pela sua companhia.
Lembro dos nossos telefonemas no meio da noite e o quanto eles se estendiam quando o motivo era meu medo do escuro e de dormir sozinha. Você falava besteiras, contava casos e acasos da vida. Me pedia opinião pra escolher suas namoradas mas, no final, sempre escolhia ficar com todas. E eu ria. Ria até ficar com sono e esquecer que a luz estava apagada.
Lembro das lágrimas que me fez derramar e o quanto elas fizeram de mim uma pessoa mais forte. Me arrependo de ter feito delas um motivo para me afastar de você. Me arrependo muito de ter sido orgulhosa e te olhado por cima quando, na verdade, o que eu queria era estar sob teu abraço.
Quando bate a saudade, eu queria pelo menos poder te mandar uma mensagem dizendo que não me importo com o que passou... E que eu ainda te amo como no primeiro sorriso sincero que o entreguei. Queria poder te ligar e o chamar pra sair. Pra comer pipoca com chocolate, jogar bola até cansar e olhar as estrelas nas pontas dos dedos dos pés. Como sempre fizemos. Você ainda se lembra disso?
Lembro do quanto eu reclamava que quando estávamos juntos o tempo passava rápido e frio demais. E nessa de passar e esfriar, você foi embora e nunca mais voltou. Sem Adeus. Sem uma explicação. Simplesmente me deixou aqui, sozinha e sem agasalho. Quebrando o “pra sempre” que eu tanto acreditava ser eterno.
Se um gênio me concedesse um pedido de mudança seria, sem dúvidas, a minha última lembrança de você. Eu estava sentada em um banquinho de plástico com o olhar perdido na multidão, procurando um motivo que tornasse sensata a minha ida àquela festa. Foi quando seus olhos encontraram os meus e, sem dificuldade, os reconheci. Exprimiam a mesma esperança de anos atrás. Você sorriu e veio em minha direção com rapidez e eu, mais rápida ainda, virei o rosto e fugi da sua procura. Eu não queria mais estar contigo.
Hoje, quando penso nesse dia, lembro apenas das suas palavras todas as vezes que discutíamos por alguma coisa. “Ninguém é perfeito. Ninguém vai ser capaz de te fazer feliz e realizar seus desejos 24 horas por dia a vida inteira.” Eu sei, você só dizia verdades. Mas, por algum motivo egoísta o qual desconheço, eu queria que você quebrasse essas regras e fosse, ao menos, quase perfeito. Perfeito para mim ou para qualquer pessoa. Porque, você sabe, éramos a melhor dupla que o mundo conheceu. 
Lembro de quando fiquei sabendo da sua partida. Minha primeira reação foi dar gargalhadas. Ri com desespero, incredulidade, nervosismo ou, até mesmo, raiva. Pois foi o que eu senti no momento. Odiei a notícia e odiei, por segundos, a pessoa que fez essa brincadeira de péssimo gosto comigo. Mas ninguém mais ria na sala. Ninguém caçoava de mim e me chamava de boba por acreditar nessa piada idiota. Foi quando eu perguntei “isso é verdade?” já sabendo que a resposta era “sim” e chorei. Chorei por dias e por longas noites. Sem deixar transparecer o quanto doeu isso em mim. Mas você se foi e eu fiquei. E tenha certeza que, enquanto eu estiver aqui, serei a melhor pessoa do mundo. Para quando eu for embora também, ter o direito de morar ao seu lado.

Um comentário:

Obrigada pela atenção ;)