Tem dias que a gente acorda tão
infeliz que não consegue escrever, conversar, sair pra ver o mar. Não tem
vontade ao menos de levantar da cama para buscar a cura - ou um analgésico
- para lacrar essa dor que insiste em
gritar.
Tem dias que a gente acorda feito
criança, perdida, sem saber por onde começar a se buscar e se entender. Dias
esses que, às vezes, insistem em durar.
Nem a gente sabe direito porque
dói, mas sabe que tem um incômodo quase mortal e ele está lá se enraizando e
tomando forças cada dia mais.
Tem dias que tudo que a gente
quer é apenas ajoelhar num canto escuro e chorar. Chorar até sangrar. Chorar para
ver se, por acaso, essa dor terrível sai escorrendo pelos olhos sem perigo de
voltar pro peito.