30/07/2011

Por onde andei

Sempre é uma boa hora para fazer sua grande mudança, ainda que as malas não estejam prontas para tamanha viagem. Se hei de percorrer fronteiras, desejo ser capaz de enfrentá-las melhor que de costume... Pois me entrego sempre no final do último tempo.

            Sempre tive dentro de minha alma grandes sonhos protegidos por meu coração, o qual ninguém penetrava e conhecia. Mas faltou-me ar no dia em que meus olhos cruzaram aos seus, multicoloridos. Que durante o dia diziam-me que a esperança, como no ditado, não morreria jamais. Mas ao cair das luzes, seus olhos adormeciam e escureciam como uma noite sem estrelas. Sem entender o porque, eu apreciava o dançar de suas pupilas que se dilatavam e contraíam, seguia seus sorrisos nervosos que pareciam de alegria. Meus lábios se moviam também e eu me sentia contagiada, sempre. Porque sentimentos cegam, isto é uma verdade. E vendada eu não previa o mal que sua presença me faria.
            Durantes séculos que se passaram em meses, minhas alucinantes viradas de relógio pertenceram somente a ti, não houvera 24 horas sequer que não me fizesse sorrir. Sentia-me apaixonada e, para cada badalada, um grama a mais de paixão. Seus lábios cheios de vida e cor, através dos meus tão simples e carentes, se chegavam a meu coração tão ligeiro como ninguém fora capaz de fazer em meus poucos quinze anos de experiência. Talvez porque ali, dentro de mim, não estivesse o mesmo “eu” de alguns anos atrás. Voava mesmo sem asas e, quando havia algum percurso que me parecia muito extenso, procurava-te...  Porque contigo era um prazer toda caminhada. E mesmo que não houvesse um destino, você me levava ao céu.
            Aquele jeito estranho e engraçado, o delicioso cheiro de matinho queimado, os olhos de ressaca amassados, o corpo tão magro e esculpido, faziam parte de um sonho do qual, hoje, eu nunca gostaria de ter participado. Havia quem julgasse esse meu amor, diziam que eu sofreria no futuro quando descobrisse o motivo daquele jeito alienado. E entenderia então, que meu meus sentimentos foram muito além do amor saudável o qual eu conhecia. Obsessão... Era essa a doença que me perseguia. “Que bobagem!” – Eu dizia. Estava apaixonada e minha única certeza era que não me arrependeria disto jamais.
            Senti um medo mórbido crescendo em minhas veias quando o olhei deitado em minha cama. Desacordado. E algo dizia em voz baixa no meu ouvido que não fora o sono quem o levou dessa maneira. Naquele instante senti a dor de um amor perfurando meu coração e roubando os desejos mais profundos da minha alma. Desta vez, sim, eu havia me largado em mãos alheias. “Como pude deixar que alguém como você levasse minha essência embora?”  Pensei desesperadamente em todas as possibilidades e retruquei informalmente minha consciência que implorava pra eu correr e fugir daquele lugar. “Pois eu fico, de uma vez por todas” – Digo sem medo. E deito ao seu lado até você acordar.
            Lutei, enfrentei, chorei e... Enfim, não agüentei. A covardia deitou em meus braços, nua e crua, sem mais nem menos. Aquele cheiro de mato queimado que tanto me agradava se apresentou solenemente em um pedaço de seda enrolado, como um fruto proibido. À medida que a fumaça se aproximava de minha boca, meus sonhos se afastavam do meu caminho, lentamente. E em breves segundos eu entendi e me senti como o meu amor: Leve e alegre, com sorriso de dentes largos e pupilas dançantes. Que sensação no mundo seria mais incrível que a liberdade? Pela primeira vez em minha vida eu voei de verdade.

Lembranças

Andei pensando muito em você esses dias. Lembrando de como era lindo o seu olhar cheio de vida e esperança quando falava do futuro e, principalmente, quando ditava o meu com detalhes especiais. Éramos tão crianças...
Lembro das tardes espetaculares que passei ao seu lado e do tempo que perdíamos falando do mundo quando podíamos estar nos conhecendo melhor. Se ao menos eu soubesse que não teria mais oportunidades de estar com você... Mas a vida nos prega peças terríveis e a sua partida foi a pior que já presenciei em toda a minha vida.
Lembro das nossas bobices, brincadeiras e implicâncias de amigos. Os desenhos com canetinha que fazia em mim, as gargalhadas, as balas que você roubava na minha mochila, chicletes mascados, biscoitos repartidos, conversas secretas, músicas, piadas e palhaçadas.
Queria poder dividir contigo a dor da incerteza que carrego dentro de mim. Será que daríamos certo? Será que você aprovaria meus namorados, flertes, paixões ou até mesmo novas amizades? Ou será que brigaríamos e prometeríamos nunca mais olhar um na cara do outro... Por um segundo, um dia, um mês, uma vida. Tanto faz. Acontece é que, além disso, dói muito mais a certeza de que eu poderia ter o conhecido muito mais, te amado muito mais. E não fiz porque fui fraca, temerosa e não tive coragem de trocar tudo pela sua companhia.
Lembro dos nossos telefonemas no meio da noite e o quanto eles se estendiam quando o motivo era meu medo do escuro e de dormir sozinha. Você falava besteiras, contava casos e acasos da vida. Me pedia opinião pra escolher suas namoradas mas, no final, sempre escolhia ficar com todas. E eu ria. Ria até ficar com sono e esquecer que a luz estava apagada.
Lembro das lágrimas que me fez derramar e o quanto elas fizeram de mim uma pessoa mais forte. Me arrependo de ter feito delas um motivo para me afastar de você. Me arrependo muito de ter sido orgulhosa e te olhado por cima quando, na verdade, o que eu queria era estar sob teu abraço.
Quando bate a saudade, eu queria pelo menos poder te mandar uma mensagem dizendo que não me importo com o que passou... E que eu ainda te amo como no primeiro sorriso sincero que o entreguei. Queria poder te ligar e o chamar pra sair. Pra comer pipoca com chocolate, jogar bola até cansar e olhar as estrelas nas pontas dos dedos dos pés. Como sempre fizemos. Você ainda se lembra disso?
Lembro do quanto eu reclamava que quando estávamos juntos o tempo passava rápido e frio demais. E nessa de passar e esfriar, você foi embora e nunca mais voltou. Sem Adeus. Sem uma explicação. Simplesmente me deixou aqui, sozinha e sem agasalho. Quebrando o “pra sempre” que eu tanto acreditava ser eterno.
Se um gênio me concedesse um pedido de mudança seria, sem dúvidas, a minha última lembrança de você. Eu estava sentada em um banquinho de plástico com o olhar perdido na multidão, procurando um motivo que tornasse sensata a minha ida àquela festa. Foi quando seus olhos encontraram os meus e, sem dificuldade, os reconheci. Exprimiam a mesma esperança de anos atrás. Você sorriu e veio em minha direção com rapidez e eu, mais rápida ainda, virei o rosto e fugi da sua procura. Eu não queria mais estar contigo.
Hoje, quando penso nesse dia, lembro apenas das suas palavras todas as vezes que discutíamos por alguma coisa. “Ninguém é perfeito. Ninguém vai ser capaz de te fazer feliz e realizar seus desejos 24 horas por dia a vida inteira.” Eu sei, você só dizia verdades. Mas, por algum motivo egoísta o qual desconheço, eu queria que você quebrasse essas regras e fosse, ao menos, quase perfeito. Perfeito para mim ou para qualquer pessoa. Porque, você sabe, éramos a melhor dupla que o mundo conheceu. 
Lembro de quando fiquei sabendo da sua partida. Minha primeira reação foi dar gargalhadas. Ri com desespero, incredulidade, nervosismo ou, até mesmo, raiva. Pois foi o que eu senti no momento. Odiei a notícia e odiei, por segundos, a pessoa que fez essa brincadeira de péssimo gosto comigo. Mas ninguém mais ria na sala. Ninguém caçoava de mim e me chamava de boba por acreditar nessa piada idiota. Foi quando eu perguntei “isso é verdade?” já sabendo que a resposta era “sim” e chorei. Chorei por dias e por longas noites. Sem deixar transparecer o quanto doeu isso em mim. Mas você se foi e eu fiquei. E tenha certeza que, enquanto eu estiver aqui, serei a melhor pessoa do mundo. Para quando eu for embora também, ter o direito de morar ao seu lado.

27/07/2011

Motivos para te amar


Eu sei (e você sabe também) que tenho milhões de motivos para não querer me entregar. Mas quando estou em seus braços, não consigo me lembrar de um motivo sequer que me ajude a resisti-lo. Todos os meus preceitos e cuidados esvaem-se e me deixam na mão. Em suas mãos.
Você me beija com carinho. Me abraça com força e mantém seus braços entrelaçados em mim até sentir que meu corpo está sem forças para fugir. Eu fecho os olhos e só repito em silêncio a única coisa que sou capaz de recordar de tudo que aprendi nas aulas de português: Os advérbios de intensidade ou quantidade que fazem de mim cada dia mais apaixonada.
Penso no quanto eu sou feliz ao seu lado e no quão gostoso é sentir-me sua e de mais ninguém. Penso que só você é único, bastante e suficiente para fazer do meu dia o melhor dos últimos dias. No quanto eu amo a sua voz e o jeito que sabe usá-la para me ganhar. O quão é lindo ver os seus olhos no escuro embaixo da coberta e o quanto eles continuam maravilhosos sob a luz do sol. E sorrio como uma boba, ao lembrar-me das besteiras que canta aos meus ouvidos. Das carícias, dos abraços...
Penso muito no quanto eu odeio quando você me deixa sem respostas, quando faz um silêncio torturador e me devora com olhares os quais eu (ainda) não consigo entender. No quão é amedrontador pensar na hipótese de seguir minha vida sem a sua colada na minha. No quanto eu não suporto quando você não é caloroso comigo e as dúvidas e medos que isso causa em mim.
Odeio ser fraca longe de você. Mas amo a sensação de que posso ser e fazer tudo que desejar quando estou contigo. Odeio o fato de você ser sempre mais para mim do que eu sinto que sou pra você. Mas adoro a sua conversa madura que sempre acrescenta novidades e realidades na minha vida. Odeio como nem as coisas as quais eu mais odeio em você diminuem ou modificam o amor que o dedico a cada segundo. Porque, assim, me sinto entregue demais. E tenho medo demais que, por isso, você seja meu de menos. Mas eu amo como nosso amor cresce a cada minuto e como vinte e quatro horas de um dia não são suficientes para saciar a vontade que tenho de você... Que só aumenta, multiplica. Não tem fim.

11/07/2011

Eu quero você assim...


      Grudado. Amarrado em mim. Com os olhos vidrados nos meus e as mãos deslizando pelo meu corpo... procurando um lugar pra ficar, para sempre. Quero seus dedos desembaraçando meus fios de cabelo a cada noite na hora de dormir... e poder te fazer carinho, te ninar, te amar e fazer amor. Quero ouvir você sussurrando besteiras e juras de amor ao pé do ouvido. Quero poder ser sua e gritar aos quatro cantos do mundo o quanto eu sou feliz contigo. Quero sentir o calor do seu corpo a me aquecer todos os dias. E ter o seu sorriso fazendo valer cada minuto que se passar na minha vida. Quero ser sua cúmplice, sua amante, sua amiga... tudo. Quero estar contigo em todos os momentos que precisar e ser capaz de, sempre e sempre, te alegrar. Fazendo com que seja, assim, unicamente meu. Da mesma forma que sempre fui e serei completamente sua. Ontem, hoje, amanhã... e até quando você desejar.